terça-feira, 25 de agosto de 2009

AL-QADUS*

Sou ave em digressão efluvia
planando sobre as lezírias

desbravo o fio enovelado dos riachos
como se fossem o emaranhado das minhas artérias
confluindo no encontro dos instantes

abro a escuridão no voo
inflamando as horas e o barro
como se as asas fossem o itinerário
acoplado nas células

busco os resíduos das partículas do ouro
como garimpeiro
cruzando o limiar das noites

mas apenas colho frotas de estrelas cadentes
e com elas faço uma canção

planto palavras reinventadas
no jugo da urbe
e lanço esporos nos ventos selvagens
sonhando que irão nascer poemas
no éter e timbre das vertigens

renasço no feitiço dos olhos
e sigo coleando a vau
como contrabandista reconstruindo as sombras
que fazem os trilhos na salmoura.

F।Ruiz
* Alcatruz

1 comentário: