quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Caleidoscópio alucinado


Posso retomar os caminhos
embages pelo ar
na vastidão dos instantes

abrindo as asas
migrantes
desfraldo velas
alígenas
caminhando a contra-vento
como rebelde alífugo

posso retomar a alternância do tempo
pelo mar
em qualquer álveo
que está a navegar por mim
em mistura bívia de membros énidos
e seguir
como náufrago deambulante
em todas as enseadas estreitas
e fronteiras
sem saber para onde vou

renovo os braços
em cada azimute
sabendo que não vou só
apesar da indefinição dos ecos
ressoados
nos impulsos coleantes nas artérias

posso recomeçar
todos os arcanos caminhos
de chão hiante partilhando o instinto
que desbrava a selva

posso recontar o tempo
pela voz da ampulheta
nos seus rios imanes
nas correntes que sigo redescobrindo
as sombras senoitadas
sem alquimia nos gritos

faço a metamorfose das águas
iluminando as penumbras
que misturam os gestos ágamos
em caleidoscópio miragal
alucinando o sol
nas flavas manhãs de renascer
neste mesmo lugar
donde parti.

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